quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Soneto 11

Estou confusa.
Como pode caber tamanha imperfeição em tamanha perfeição?
Como pode caber tanto ódio em tanto amor?
Como pode caber dúvida na certeza?
Ouso dizer que tais paradoxos inexistem. Não há perfeição sem a imperfeição, não há amor sem o ódio, não há certeza sem a dúvida.
Camões diria melhor. É um contentamento descontente. Mas nada quero de Camões pois... nada mais fácil que idealizar um amante que foi ter com São Pedro.
Mas eu muito o contesto. É dor que desatina sem doer. Sem doer, Camões? Você amou, Camões? Você amou de verdade, Camões? É dor que desatina e consome. É dor que desatina e destrói. É dor, de fato é dor, dor que se sente.
E muito menos nego que a frase menos célebre de seu famoso poema se faz valer em mim, pois não me importa onde você está; você está sempre deitado num colchão repleto de ex-vidas, num hotel repleto de gemidos, numa região repleta de pecados, ao lado dela.

É ter com quem nos mata lealdade.

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