terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Do Deixar

Era um amor doentio.
Haviam lhe contado que amar demais era uma doença. Até porque existia um grupo denominado M.A.D.A., Mulheres que Amam Demais Anônimas. Mas ela amava demais, queria demais, pensava demais. Sua tortura era ter que pensar em outra coisa não fosse seu amor. Conversar a irritava, pois ela precisaria se concentrar em assuntos paralelos.
O tempo passou. Tirou de sua cabeça a idéia de procurar o grupo, pois todo aquele sentimento se esvaía, como os pensamentos que dão lugar ao sono.
Ele chegava em casa, dava-lhe um beijo, pedia-lhe qualquer palavra inútil e ficava a admirar seu rosto. Mudanças assim ele não percebia. Colocava-se a afagá-la, a demorar-se nela, mas não o suficiente para perceber que a perdia em cada palavra e em cada olhar.
Ela deitava, imaginava o que viria a seguir, sonhava com um novo amor doentio, que fosse de fato doentio.
Ele a acompanhava, pensando em problemas que não o amor, chegava-se para bem perto dela. Poderia ouvir seus pensamentos, caso escutasse mais com os olhos.

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